UM POUCO DA MINHA TRAJETÓRIA

Decidi falar um pouco da minha trajetória pessoal para atender aos trabalhos de pesquisa escolar e tentar responder à pergunta que mais ouvi nas minhas andanças pelas escolas da região: "Como, quando e por que você decidiu ser uma escritora?"

Maté é o pseudônimo de Marie-Thérèse Kowalczyk. Sou artista plástica, ilustradora e autora de livros infantis. Nasci na França em 1959. Neta de imigrantes poloneses, passei a infância e a adolescência na região de Saint-Etienne, uma bacia hulheira onde a extração do carvão mineral se dava em meio a antigas áreas agrícolas. A preocupação com o meio ambiente (um tema recorrente no meu trabalho) certamente nasceu ali, na observação de uma Natureza que lutava para seguir seus ritmos sazonais, sufocada pelo barulho e a poluição da indústria carvoeira.

Após uma rápida passagem pela Universidade Claude Bernard em Lyon no final dos anos setenta, quando sonhava em me tornar paleontóloga, eu vim para o Brasil onde acabei fixando-me. Descobri uma fauna e uma flora exuberantes e uma rica cultura de miscigenação. Comecei a pintar. Autodidata, retratava em meus quadros índios em convívio idílico com bichos e plantas. Como escreveu Flávio de Aquino em novembro de 1983, na revista Manchete: “Maté (...) teve, como tantos europeus, o estalo do índio brasileiro (...). Tinha aquelas idéias tipo “o bom selvagem” de J.J. Rousseau.” 

Entre 1983 e 2002, atuei como artista plástica, expondo em várias capitais brasileiras como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Aos poucos, fui trocando a tinta acrílica pela aquarela. Como aquarelista, ganhei vários prêmios em salões, sendo o mais importante o Primeiro Prêmio de Artes Plásticas do Mapa Cultural Paulista em 1999. 

Quando cheguei em Lorena, cidade onde moro até hoje, encontrei muito apoio na FATEA, na pessoa da artista plástica Irmã Heleninha, na época coordenadora do Curso de Educação Artística. Mais tarde tive o prazer de conhecer a então diretora da FATEA, Irmã Olga de Sá,  que em 1996 escreveu: “Longa pesquisa artística e séria disciplina de trabalho levaram Maté à extrema economia da riqueza lúdica. O jogo de signos ligados pelo rigor geométrico da composição mergulha o espectador na complexidade de seus próprios arquétipos, levando-o às raízes de sua terra existencial”.   

Buscando aprimorar minha formação profissional, acabei me matriculando na FATEA em 1998, tornando-me Bacharel em Desenho Industrial em 2001 e Especialista em Teoria e Prática das Artes Contemporâneas em 2003. A partir de 2004, ingressei no corpo docente da mesma faculdade, passando a lecionar para os alunos dos Cursos de Educação Artística, Desenho Industrial, Publicidade e Propaganda, Letras e Pedagogia.

Paralelamente, comecei a trabalhar como ilustradora até que em 2002, tive a oportunidade de ilustrar “Kabá Darebu” do autor indígena Daniel Munduruku. Animada com o resultado, lancei em 2003 “O menino e o jacaré”, fruto da minha pesquisa para o trabalho de conclusão de curso em Desenho Industrial. Desde então, tenho produzido regularmente para o público infantil. Até esta data, já publiquei 6 livros como ilustradora e 9 como autora e ilustradora, com vários títulos merecendo o selo “Altamente Recomendável” da Fundação Nacional do Livro Infanto  Juvenil  e circulando nas bibliotecas escolares de todo o país. 

Uma das experiências mais emocionantes que eu vivi até agora, foi o convite para fazer uma oficina de desenho com as mulheres e crianças A´uwê-Xavante das aldeias Abelhinha e Santa Glória, no Território Indígena Sangradouro, no Mato Grosso, em 2005. Foi um momento precioso e esclarecedor para mim que sou apaixonada pelas culturas indígenas e africanas. 

Desde 2012 venho me dedicando exclusivamente à profissão de autora e ilustradora para poder participar de salões, oficinas e encontros com os pequenos leitores, em escolas públicas e particulares. Hoje uso tanto a imagem quanto a palavra para contar minhas histórias. Histórias fantásticas de povos esquecidos e animais ameaçados, mas também histórias engraçadas com muito afeto e imaginação. 


Livros que eu escrevi e ilustrei.


Livros que eu ilustrei.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LENDAS AFRICANAS: A PRIMEIRA MÁSCARA

CONTO OU LENDA?

POEMAS DA MINHA TERRA TUPI – Um exemplo de leitura de imagem