LENDAS AFRICANAS: A PRIMEIRA MÁSCARA
As primeiras máscaras apareceram provavelmente na
pré-história. Numa época em que reinavam os grandes carnívoros, o ser humano só
podia contar com a colaboração do seu grupo, o domínio do fogo e uma mente
criativa para sobreviver. Ao esconder-se atrás de uma máscara, ele escapava por
um momento à dureza da vida cotidiana imaginando transformar-se num ser
superior, dotado de poderes sobrenaturais: voava como um pássaro, era forte
como um urso, invencível como um leão. Mitos e rituais eram criados, cantos e
danças executados em volta da fogueira, na segurança do abrigo, reforçando os
laços do grupo e preparando as novas gerações.
A humanidade evoluiu e as máscaras também. Algumas das mais
belas vêm de áreas rurais da África, onde o poder da tradição resiste. São
culturas onde os jovens são iniciados para fazer parte de determinadas associações
(de caçadores, lavradores, pescadores ou ferreiros, por exemplo) e instruídos segundo
sua faixa etária pelos mais velhos. Cada associação tem seus rituais secretos e
seus locais reservados onde são confeccionadas e guardadas as máscaras. Em
certas ocasiões, como festejos ou funerais, as máscaras saem do recinto sagrado
e se apresentam diante de toda a coletividade, com danças e músicas. Os
mascarados têm o corpo totalmente coberto, para não serem reconhecidos. Existem
também associações femininas secretas, com suas danças e rituais, porém
costumam usar pinturas corporais para se mascarar.
Com o crescimento das grandes cidades africanas que atraem a
juventude em busca de trabalho e melhores condições de vida, a tradição oral
está ameaçada e muitas vezes as saídas de máscaras nas aldeias servem para
arrecadar dinheiro entretendo os turistas. Ainda assim, jovens africanos trabalhando
na cidade ou até no exterior ajudam com dinheiro a manter vivas suas
associações de mascarados, por entender que elas são parte integrante da sua cultura.
PARA QUEM GOSTA DE CULTURA E ARTE AFRICANA: A editora Miguilim de Belo Horizonte acaba de relançar meu
livro “A primeira máscara”, uma adaptação para o público infantil de um mito da
Costa do Marfim. A história (contemplada em 2010 com o selo “Acervo Básico” da
FNLIJ) conta com muita poesia como um mensageiro do Criador transforma-se em
máscara para ajudar a humanidade.
No final do livro, uma leitura complementar dá mais informações sobre o papel das máscaras na cultura africana. Cada livro traz também um
molde impresso num encarte onde explico como criar uma máscara africana de papel
em relevo. Além de divertida, essa atividade pedagógica incentiva a criança a
descobrir e apreciar uma cultura diferente da sua, um primeiro passo para um
dia construirmos um mundo de paz e tolerância, livre de racismo e preconceito.
máscara criada a partir do molde |
variante criada a partir de exemplos do encarte |
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